COTIDIANO

Combatente de Cascavel guerreia por um ano em solo ucraniano

Anderson de Castro chegou a ficar oito dias sem dar nenhum sinal de vida aos familiares

Paraná
internacional | 05/11/2024 14h40

Anderson de Castro em solo ucraniano (Foto: Arquivo pessoal/Reprodução Catve )

O cascavelense Anderson de Castro atuou por um ano no front da guerra entre Rússia e Ucrânia. Ele somente avisou a mãe que iria à Europa se tornar um combatente voluntário prestes a embarcar no avião em um aeroporto de São Paulo em 14 de agosto de 2023.

Correndo risco de morte, o paranaense conviveu durante 12 meses com outros quatro brasileiros do mesmo batalhão, embora estivesse cercado de dúvidas sobre como seria atuar na linha de frente do combate e de que modo o psicológico reagiria perante situações extremas de perigo.

"Com o tempo, eu ficava mais corajoso para, cada vez mais, enfrentar o inimigo e chegar mais próximo. Algumas missões, também, foram muito arriscadas. O que mais me abalou foi ver as senhorinhas de idade perdendo os netos e os filhos, lutando na guerra para defender o seu país", relata.

De acordo com Anderson, muitos dos idosos recusavam-se a deixar as casas, mesmo diante do avanço das tropas russas, pois os familiares mais jovens morreram durante os confrontos e estavam enterrados nas cidades em que viveram. "Era inegociável", resume.

Somente as crianças eram removidas até a retaguarda da Ucrânia pelos policiais. Apesar de terem ocorrido centenas de bombardeios, no período de estadia em solo ucraniano, Anderson não sofreu ferimentos. Os colegas dele, no entanto, sentiram na pele os efeitos destrutivos da guerra.

"Um perdeu o olho, o outro quebrou a perna, mais um levou dois tiros; o outro foi por granada, o outro foi por estilhaços. Todos ali. Depois que vi que tinha sido o único que não estava ferido, eu decidi que deveria parar por 12 meses", comenta.

Combatente atuou no Exército Brasileiro antes de lutar na Ucrânia

Antes de guerrear em solo ucraniano voluntariamente, Anderson de Castro trabalhou como militar no Exército Brasileiro e, ainda, atuou como instrutor de armamentos e de tiros. Devido a essas experiências, recebeu a autorização para integrar o exército ucranino.

Nos dias mais tensos do conflito, o brasileiro chegou a ficar oito dias sem dar nenhum sinal de vida aos familiares — mãe, pai, namorada e filha. Isso aconteceu quando os soldados caíram em uma emboscada armada pelos russos.

"Eles dispararam contra a gente, e a gente teve que retornar. Ficamos dois dias tentando evacuar. A minha esposa achou que tinha acontecido alguma coisa. E, infelizmente, eu não conseguia contato", conta.

Como sobreviver em ambientes de violência extrema?

Anderson comenta que não precisou matar os inimigos, mas precisou defender-se das bombas, arremessando artefatos explosivos e disparando tiros para evitar a aproximação dos russos. "Dificilmente, quando você escuta a primeira granada, você vai para cima de alguém. Então, deu certo", conclui.

"O mais próximo que eu cheguei foi a 50 metros dos russos. Eles estavam em desvantagem, porque eu estava escondido numa casa. E eles não sabiam que eu estava ali. Eles iriam descer e, provavelmente, muitas pessoas iriam morrer ali", conta. Contudo, os oponentes mudaram a rota e não entraram em confronto.

Vida a dois depois da guerra

Antes de partir para a guerra, Anderson já namorava Aliny Kauely e prometeu à amada que, se ela esperasse ele voltar ao Brasil, ele realizaria o maior sonho dela: o casamento. A cerimônia religiosa está marcada para 9 de novembro.

Por perceber que o lugar adverso estava lhe fazendo mal, o cascavelense decidiu voltar a Cascavel. Na cidade, pretende encontrar conforto e cuidar da família. Em 30 de outubro deste ano, Anderson recebeu a medalha do mérito de serviços meritórios honra e distinção Grau - Gran Cavaleiro na Câmara de Vereadores Municipal.

Com informações de Catve.com


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